Acabou de entrar numa área reservada a pessoas curiosas e inconformadas. Temos o dever de informar que experiências recentes indiciam que o uso do cinema na sala de aula prejudica gravemente o tédio.

Somos a sala de cinema. Se podíamos viver sem o cinema na escola? Podíamos, mas não era a mesma coisa.

domingo, 21 de novembro de 2010

"12 Homens em Fúria": um clássico na comemoração do Dia Mundial da Filosofia



Cumprindo uma tradição já com alguns anos, o grupo de Filosofia da Escola Secundária Manuel Teixeira e a sala de cinema celebraram em conjunto, no dia 18/11, o Dia Mundial da Filosofia através da exibição para os alunos de um filme com relevante conteúdo filosófico.
Este ano, o auditório da escola teve praticamente lotação esgotada com o filme 12 Homens em Fúria (12 Angry Men), de Sidney Lumet, com Henry Fonda como protagonista.
A ação do filme decorre quase totalmente numa sala anexa a um tribunal americano, onde doze jurados vão decidir o futuro de um jovem porto-riquenho acusado de assassinar brutalmente o pai com uma navalha de ponta e mola. E o que parecia tratar-se de uma decisão pacífica (tudo apontava para a culpa do rapaz), complica-se irreversivelmente quando um dos jurados pede que todos reflitam um pouco sobre o que tinham visto e ouvido no julgamento antes de darem o veredicto. Afinal, argumenta ele, trata-se de mandar ou não um rapaz para a cadeira eléctrica e uma decisão tão importante como esta não deveria ser tomada de ânimo leve. A partir deste momento, o filme cresce dramaticamente numa espiral de subtilezas argumentativas: de um lado, os defensores da culpabilidade do rapaz, que tudo fazem para convencer os mais renitentes, do outro, uma minoria que exige argumentos sólidos e provas credíveis para tomar uma decisão final. Até ao final, assistimos a esta “luta” argumentativa em que as palavras e os argumentos são as únicas “armas” que podem condenar ou ilibar o jovem acusado.
O filme parece remeter-nos para o diálogo “Górgias”, de Platão, onde o filósofo ateniense contrapõe de modo vivo e intenso a manipulação retórica dos sofistas, que visa apenas “ganhar” a discussão, à argumentação racional, que procura chegar à verdade. 
Deixo-vos com uma interessante crítica do filme.
Para o ano há mais.



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